O amor é submisso

O Amor é submisso sob o verdadeiro sentido de liberdade. Porque Deus é amor e Deus não nos subjuga, pelo contrário liberta-nos. Não é possível verdadeiramente amar sem que o façamos de uma forma livre e desinteressada. Não é possível aceitar e seguir Jesus se verdadeiramente não o fizermos em total consciência e liberdade.

“Não é tanto dizer que a igreja tem uma missão, mas que a missão de Cristo tem uma igreja.”

Em “Desbloqueia a tua Paróquia”, de Ron Huntley e Pe. James Mallon

Deus Pai enviou o Seu único filho ao mundo porque nos amou e sempre nos amará  loucamente, porque deseja dar-nos a salvação e a vida eterna. Jesus veio ao mundo para dar cumprimento a esse Amor, trazendo consigo o peso da missão – Anunciar o Reino dos Céus aos homens. No cumprimento dessa missão, por esse Amor, Jesus fez muito mais, tornou-se para nós exemplo e mistério de redenção. Jesus encarnou, submetido à vontade de Deus Pai. 

Sinónimos e interpretações à parte, submissão pode também ser compreendida como estar sob missão, unidos numa mesma missão. Jesus estava submisso à vontade do Pai, desde o Seu nascimento até à morte, vemos isso por todas as vezes que Jesus  se retirava para orar e quando se dirigia ao Pai para proceder aos milagres e curas. Por certo, todos se lembrarão das palavras de Jesus no Horto das oliveiras: “Pai, não se faça a Minha vontade mas a Tua!”.

Como igreja de Cristo Jesus somos convidados a abraçar este desafio, a colocarmo-nos sobre a missão desse grande Amor, para o pregar, partilhar e viver.

Quando abrimos o nosso coração a Jesus, quando movidos pelo Espírito Santo deixamos o evangelho do Amor fazer parte da nossa vida, percebemos que o Amor chama-nos à entrega humilde, ao colocarmo-nos ao caminho e ao serviço do outro. Em nós ecoa a certeza de que o mais importante não é o que me faz feliz, mas sobretudo que a minha maior felicidade está em trazer felicidade aos outros.

O mundo atual está longe destes verdadeiros valores e o Amor que é o primeiro e o mais alto de todos, está ausente da vida do dia a dia.

O verdadeiro Amor, o verdadeiro serviço, a prática da humildade, do perdão e da caridade começam em casa, com quem está ao nosso lado. Sejamos verdadeiros, estejamos sempre alinhados com a missão de Jesus. 

Deus, o Pai que tanto nos ama e tanto torce para que sejamos felizes, não nos pede submissão onde não existe amor e respeito, mas sim que coloquemos o Seu amor por nós ao serviço do próximo, começando por nós mesmos. Através da oração tornamo-nos mais próximos do Pai, mais capazes de colocar amor em tudo o que fazemos e mais capacitados para fazer o bem, pedindo discernimento para fazermos boas escolhas. 

A palavra submissão no contexto do verdadeiro Amor pelo outro, pelo próximo, a nossa família, amigos e por todas as pessoas que fazem parte da nossa vida não significa subjugar à força ou por intimidação a uma vontade que não é a nossa, à perda da nossa liberdade. O significado é muito mais profundo. Amar implica deixarmos de pensar só em nós e no que queremos, para passarmos a pensar também no bem estar da pessoa que amamos, no que necessita, em simplesmente fazê-la sorrir. Submetemo-nos ao amor que sentimos e ao quanto queremos bem ao outro. Um amor submisso é um amor desinteressado, sincero e puro. 

As cartas de São Paulo são verdadeiros ensinamentos e orientações para a prática deste Amor. São Paulo dirige-se às comunidades evidenciando a forma como os membros das comunidades se relacionam entre si, mas fala também para cada indivíduo, fala para as famílias, as igrejas domésticas. Estas mensagens não são só para as primeiras comunidades de Éfeso, de Corinto ou de Tessalónica, são para as comunidades dos dias de hoje, para cada um de nós. São Paulo escrevia àquelas novas comunidades cristãs, que davam os primeiros passos, para recordar a missão que os unia, aconselhando a que nas suas vidas vivessem o verdadeiro Amor de Deus, vivido e exemplificado por Jesus, na sua forma humilde, servil e caridosa de amar cada irmão, cada pessoa ou criatura.

Jesus foi igual a nós em tudo, exceto no pecado. Jesus, viveu como nós, sentiu como nós, sofreu como nós, mas amou perfeitamente.
Jesus não foi só submisso a Deus Pai, mas em criança também o foi aos seus pais dando cumprimento perfeito ao quarto mandamento da Lei de Deus.
“Depois desceu com eles, voltou para Nazaré e era-lhes submisso.” (Lucas 2, 51)

​Para terminar e porque falamos de família, olhemos também Nossa Senhora, mãe de Jesus, a mulher que nos vem dar exemplo deste Amor vivido docilmente, em abnegação e silêncio, o amor submisso da entrega que se faz de livre vontade. 

Citando um amigo, deixo-vos estas palavras para reflexão:

 “Quando Nossa Senhora disse “Eis a escrava do Senhor, faça-se segundo a tua palavra!” Porventura não foi Maria livre?
Eu penso que, além de tantas e tantas qualidades que Nossa Senhora tem e que um dia ainda havemos de ter a graça de descobrir, ela foi a mulher mais corajosa e mais livre que já existiu! Sim, também ela é o verdadeiro modelo do que é a verdadeira escolha da liberdade: rejeitar o mal e fazer a vontade de Deus, submetendo-se em tudo à Sua vontade!” 

Senhor, 

“Dá-nos um coração, grande para amar.
Dá-nos um coração, forte para lutar.”

“Dá-nos um coração” Cântico de Juan Antonio Espinosa

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