imagem da OFM com menina pobre

Um único amor – Exortação ao excerto da carta de Santa Teresa de Calcutá

«Eu sou o pão da vida»

Pediu para passar três meses a sós com Jesus [em retiro]; e parece-me bem. Mas se, durante esse período, a fome de Jesus no coração dos membros do seu povo for maior que a sua, não deve permanecer a sós com Jesus; deve permitir que Jesus o transforme em pão, para ser comido por aqueles que o procuram. Permita que as pessoas o devorem; proclame Jesus através da palavra e da presença. […] Nem Deus podia dar maior prova de amor do que dar-Se como pão da vida – para ser partido, para ser comido, a fim de que possamos comê-lo e viver, de que possamos comê-lo e satisfazer a nossa fome de amor.

E contudo, Ele não está satisfeito, porque também Ele tem fome de amor. Por isso, tomou a vez do que tem fome, do que tem sede, do que está nu e do que não tem casa, e não deixa de clamar: «Tive fome, estive nu, não tinha onde morar: foi a Mim que o fizestes» (Mt 25, 40). O pão da vida e o faminto são um único amor: Jesus.

Que receio temos de parar para ajudar o próximo para não o fazermos mais vezes? É o receio que temos de que seja mais do que se pede naquele momento, seja o pão, um café, uma palavra, uma atenção. Receamos que, ao parar e dar atenção àquele pedido de ajuda, sejamos engolidos e consumidos na necessidade do outro.

Por isso é tão difícil a caridade pessoal. Passamos a ser co-responsáveis pelo bem estar do outro. Jesus chama-nos a perceber o que necessita o nosso irmão para além do pão ou da moeda que nos pediu hoje. Uma ação que irá consumir parte do nosso tempo, da nossa preocupação, do nosso empenho.
A pobreza é, muitas vezes, mal interpretada porque é um estado e não um adjetivo.
Uma ação que só terá fim quando o nosso coração descansar, isto é, quando percebermos que aquela fome, seja física, espiritual ou simplesmente de amor e atenção foi saciada.

É mais fácil fazer caridade e ser generoso através de uma instituição como a Igreja. Há um escudo que nos dá a segurança que o pedido de ajuda não chegará à porta da nossa casa, não chegará à nossa vida. Garante-nos que nunca teremos de nos dar até sermos consumidos em amor. O problema não é nosso, estamos a ajudar.
Com isto não quero retirar um pedaço que seja da boa vontade que existe em cada homem e mulher, cada irmão que dá.

No entanto, devemos estar mais atentos àqueles que cruzam a nossa vida, àqueles que passam por nós e que precisam de amor. Não nos devemos deixar ir naquele pensamento “alguém há-de ajudar”. Foi connosco que se cruzou o caminho, por isso, é nosso dever enquanto cristãos não o deixar seguir sem partilhar um pouco do Amor que nos é dado. Jesus passaria indiferente colocando a esperança em outro que viesse? Não! Nós somos as mãos, rostos e corações de Jesus aqui neste mundo. Jesus não se pode transformar em pão para os famintos de amor se não O levarmos no nosso dia-a-dia.

Não tenhamos medo de seguir os ensinamentos de Jesus. O Senhor diz-nos para não temermos porque estará sempre connosco. Devemos pedir coragem nas nossas orações para nos entregarmos em total e livre amor aos pobres e necessitados, confiando que é Jesus que está ao nosso lado a ajudar, confiando que é Jesus que está à nossa frente a receber, em graça, o nosso amor que se multiplica em Si próprio. 

Como diz o belo ensinamento que nos deixa Santa Teresa de Calcutá:


“O pão da vida e o faminto são um único amor: Jesus.”

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