imagem de duas mãos de uma avó e neta a segurar uma rosa vermelha

Aos meus queridos Avós

Imagem de Pexels no Pixabay

Ter riquezas, para uma grande parte da população, será ter uma poupança de quantia elevada no banco, uma casa grande e luxuosa, um carro topo de gama parado à porta, roupa e calçado de marca e uma profissão com um salário elevado. Para muitos que lêem este artigo, se calhar só assim se sentem felizes e realizados. Todos nos sentiremos bem se conseguirmos alcançar estas pequenas coisas, mas a verdadeira riqueza são as pessoas. 

Na minha vida são os meus avós, a minha família, os meus pais – estes sim, ocupam um lugar importante. 

Os meus avós foram e são muito importantes na minha vida por tudo o que me ensinaram, por todo o amor que me passaram, por todas as histórias que me contaram, por serem um exemplo de força, positividade, alegria e amor. A minha vida não teria sido a mesma se eles não fizessem parte dela. 

Quem teve a graça de ter avós presentes e próximos na sua vida irá, de certeza, identificar-se com as minhas memórias e te-las-á também para partilhar.

Desde pequena que as férias e fins-de-semana sempre foram a rumar para a casa da avó Ana e do avô Manuel. Que ansiedade no caminho, que vontade sempre de chegar lá e de lhes dar um abraço forte. O abraço dos avós é sempre tão mágico e cheio de amor! Contém tanta doçura e ternura no olhar… Quando nos abraçam o mundo inteiro ganha uma paz e uma cor inexplicáveis! 

Sempre gostei de ouvir as suas histórias de vidas, de muitas lutas, conquistas, sorrisos e dureza. Ensinaram-me que nada se conquista sem amor e paciência, sem luta, sem nos esforçarmos muito pelo objetivo que queremos alcançar e se cairmos, ou as coisas não correrem como desejamos, reerguemo-nos e continuamos a lutar, com a força do Alentejo que nos corre nas veias.

Nas noites quentes de verão, ouvir sentados, na rua, as histórias que o meu avô conta tendo sempre animais como personagens – ou não fosse ele pastor – as anedotas e as adivinhas. E o Cante? Adoro ouvir os meus avôs cantar. Quantos sorrisos e gargalhadas damos nessas noites.

Recordo com carinho as imensas tardes que passava a pastar as suas ovelhas, no meio do campo, com o lanche e a garrafa de água. Conversávamos e riamos tanto… Guardo tudo no coração.

Com eles aprendi a ajudar os outros: partilhar o pouco que temos com quem mais precisa.

E os miminhos da avó? Os pequenos-almoços, sempre deliciosos, com as tortas e as popias (bolos regionais) ou o bolo de laranja que só a minha avó sabe fazer. Também os almoços eram maravilhosos. E tantos jantares de feijão que ela nos fazia! Um fim-de-semana na casa dos avós era mais 3 quilos na balança, de certeza. Por mais que prove noutros lugares ou tente fazer em casa, nunca fica igual à receita da minha avó. O carinho que ela põe a cozinhar torna o sabor inigualável. Ainda hoje o coração vem sempre cheio e feliz, de conversar e desabafar, de ouvir os seus conselhos sábios, fruto de uma vida longa e cheia de sabedoria. 

Sortudo de quem tem esta maior riqueza na vida e que pode aproveitar tudo o que de bom temos a ganhar, um amor imenso, muita sabedoria, bons conselhos, fortaleza e suporte.

Já pensaram nas vezes que podiam ter aproveitado mais? Que podiam ter dedicado a conversar e a ouvir os vossos avós? A mimá-los? Perdemos tempo com tanta coisa efémera e sem importância em vez de dedicarmos tempo e dar amor à nossa família.

Para quem ainda tem esta riqueza na sua vida fica o conselho: dediquem hoje (e daqui para a frente) mais tempo a dar mais amor, mais sorrisos, mais abraços, mais carinho, pois a verdadeira riqueza não se compra. O amor é gratuito e está disponível na medida que estivermos disponíveis para dar aos outros. Se derem muito amor receberão, certamente, em troca muito amor.

O amor é paciente, o amor é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará. […]

(1 Cor 13: 4-8)

Aproveitem o dia de hoje, Dia dos Avós, para rezar pelos vossos, os que estão presentes e os que já partiram que cremos que, do céu, oram por nós.

2 comentários

  1. Cristina: só agora vim aqui, tão atrasada! Gostei muitíssimo de ler o que escreveste com tanta minúcia, reveladora de um grande espírito de observação. E não só: com o coração a transbordar de Amor.
    Quanta sensibilidade e ternura revelas no teu texto! Fizeste-me lembrar da minha única avó que conheci e que partiu há tanto tempo. Que saudosa recordação!

Deixar um comentário