Quaresma – como melhor viver as tuas sextas-feiras (cont. 5)

Quinta sexta-feira

Segue o link, para acederes às semanas anteriores:
Primeira – Quaresma – como melhor viver as tuas sextas-feiras
Segunda – Quaresma – como melhor viver as tuas sextas-feiras (cont.2)
Terceira – Quaresma – como melhor viver as tuas sextas-feiras (cont.3)
Quarta – Quaresma – como melhor viver as tuas sextas-feiras (cont.4)


Silêncio
Letra e música: Diogo Piçarra
Music video by Diogo Piçarra performing Silêncio (Acústico – Live At Home). © 2020 Universal Music Portugal, S.A. http://vevo.ly/iT17zG

Será que não vês?
Não há nada a dizer,
nem desculpas para dar.
Será que vais estar
quando eu quiser voltar?
Se ainda der para te salvar..

Onde foi que nos perdemos?
Como volto onde ficámos?
Para reparar os nossos erros.
Sentados em silêncio,
voltamos atrás.
Voltamos atrás.

Será que não vês, 
Nunca soube entender 
o que estava a perder?
Porque sem ti é como estar 
à deriva no mar,
sem ninguém para me salvar.

Onde foi que nos perdemos?
Como volto onde ficámos?
Para reparar os nossos erros.
Sentados em silêncio,
preciso de um momento
para voltar atrás.
Para voltar atrás.

Preciso de me salvar,
para te poder salvar.

Onde foi que nos perdemos?
Como volto onde ficámos?
Para reparar os nossos erros.
sentados em silêncio,
voltamos atrás.

#diogopiçarra #silencio

Muitas vezes, o silêncio transmite mais do que as palavras.

Foi no momento da Paixão em que o silêncio atingiu o ponto mais alto do seu poder expressivo. Aqui o Seu silêncio era mais denso que a proclamação de qualquer palavra. No entanto, ao deambularmos pelos evangelhos, o 𝒔𝒊𝒍ê𝒏𝒄𝒊𝒐 é comummente referido. Muitas vezes,  diante de perguntas pouco sinceras, Jesus impõe o Seu silêncio, perante este exemplo percebemos que tantas vezes é inútil falar. Se pensarmos bem, por um minuto apenas, quantas vezes desperdiçamos o nosso tempo, as nossas forças, para dizer algo que não vai surtir efeito benéfico nem na nossa vida, nem na dos nossos irmãos? Quantas vezes respondemos de forma reativa,  sem pensar nas consequências? Ele que tudo podia e sabia, Ele que era o expoente máximo do amor, remeteu-se tantas vezes ao silêncio.  Que exemplo melhor haverá?
Há também o reverso de tudo isto. Quantas vezes nos silenciamos perante injustiças? Quantas vezes não temos a coragem de ser verdadeiros discípulos de Cristo e nos remetemos ao silêncio? Ele que sempre falou, defendeu e nos deixou na Palavra ensinamentos tão belos, ao colocar-se ao lado dos que sofrem com as injustiças que maltratam os seus corpos e trespassam as suas almas.
Sejamos o espelho do silêncio de Deus, à imagem de Jesus.
Invoquemos e proclamemos o Seu nome santo, digamos a todos que o Seu amor tudo pode, mas tentemos manter o silêncio,  o 𝒔𝒊𝒍ê𝒏𝒄𝒊𝒐 𝒅𝒐𝒔 𝒋𝒖𝒔𝒕𝒐𝒔, perante aquilo que é deste mundo. Este é o silêncio de Jesus na Cruz.
Descansa, Ele que tudo vê está por nós, por ti.

Hoje convidamos-te ao silêncio, a um mergulho na quietude e tranquilidade da oração.

A presença de Deus em mim é, por vezes, tão clara, que me sinto uma só realidade com Ele. Mas é tão pouco frequente sentir essa clareza! Queria que Ele se revelasse sempre como nessas ocasiões, mas o céu fecha-se e fico-me apenas com o imperativo de procurar o que está para além deste impulso de busca, de compreensão do que sou.

Em “No Silêncio da Palavra” de Taveira da Fonseca

Vamos guiar-te num caminho de silêncio, não só físico mas também interior.
Numa primeira parte terás de estar muito atenta a ti própria e às tuas ações.
Vais desligar o piloto automático e praticar todos os gestos com consciência, percebe o como e porque os estás a fazer. Começa assim:
Faz silêncio – Não fales durante o dia. Se tal não for possível, tenta minimizar ao máximo a interação verbal e reduz as tuas palavras ao essencial.
Desacelera –  Reduz também os movimentos físicos ao essencial e abranda o ritmo de cada movimento. Tenta atenuar todos os sons produzidos por cada gesto teu (o fechar a porta, arrumar a cadeira, o andar, … ).
Nesta fase é possível que fiques mais atenta à percepção dos ruídos à tua volta, mas também do silêncio envolvente.

Se te for possível, inicia a tua jornada com uma caminhada ou outra qualquer atividade que te permita descansar os sentidos, como tomar um banho tranquilo ou estar simplesmente sentada. A ideia é abrandar a atividade mental ao máximo, por forma a ficares mais atenta aos estímulos exteriores, como os sons, as cores, os movimentos, a temperatura, o toque, mas sem pensares sobre isso. Permite-te só sentir.
Quando regressares e te sentires pronta, tenta encontrar um ambiente calmo e silencioso onde possas permanecer sem interrupções durante os próximos trinta minutos, no mínimo.

Vê este filme que escolhemos para ti:

NOTA: É possível colocar legendas automáticas em português, no link abaixo mostra como:
https://www.loom.com/share/4f3f1c838ebd4bee93ca9dbba4990f12

E agora:
Desconecta – Desativa as notificações, desliga a televisão, a rádio, a música e se conseguires o telemóvel também, ou pelo menos coloca-o sem som.

Respira fundo um par de vezes. 

Deixa tudo o que não é Deus sair da tua mente e do teu coração. Tal como fizeste com as distrações exteriores, vais desligar-te agora das distrações interiores, preocupações, ideias, recordações. Vais fazer da tua mente um espaço de silêncio.
Fica ciente de que não podes, nem deves, parar a tua mente. Terás de ver a tua mente, o teu cérebro, como outro órgão qualquer, o coração continua a bater, os pulmões continuam a oxigenar, os rins a filtrar, a tua mente continuará a pensar. Apenas irás silenciá-la. 
Imagina que estás no meio do trânsito, agora entras num balão de ar e começas a subir pelo céu. Do alto continuas a ver o trânsito, ele não desapareceu, mas agora já não ouves o seu ruído, já não te incomoda. O mesmo fazes com os pensamentos, deixas que venham, mas não entras neles, não julgas, não lhes dás seguimento e eles vão desaparecer. Vão continuar a vir e tu só terás de os deixar ir. E, se por acaso, te perderes (é muito normal ao início), recomeças e está tudo bem.

Nós não somos capazes de amar a Deus, de nos entregarmos a Ele durante muito tempo, de maneira uniforme, mas podemos fazê-lo numa sucessão de momentos breves. Tem presente que podes fazer uma divisão do tempo de oração em pequenas unidades.

E, dito isto, nos próximos 15 minutos (mínimo), vamos submergir no exercício da oração do silêncio, a oração pelo nome.

A invocação do santo Nome de Jesus é o caminho mais simples da oração contínua. Muitas vezes repetida por um coração humildemente atento, não se dispersa num “mar de palavras” (Mt 6,7), mas “guarda a Palavra e produz fruto pela constância.

em Catecismo da Igreja Católica, ccc 2668

Esta oração consiste em escolher o nome pelo qual nos dirigimos a Deus, Pai, Abba, Jesus, Senhor, Deus, Adonai ou outro que nos faça sentido. 
Não é um nome interpretativo ou representativo, é apenas o nome por quem chamamos, é nome que é – Deus. 
Não vamos fazer pedidos ou agradecimentos.
E não devemos meditar intelectualmente enquanto repetimos o nome em silêncio.
Repetimos o Nome interiormente e recomeçamos, tantas vezes quantas desejarmos

A ideia é usar o mesmo nome durante todo o exercício de oração e sempre que se pratica. É possível que na primeira vez possa ocorrer a vontade de mudar o nome, por vezes começamos com um mas a determinado momento outro nome começa a surgir, nesse caso deve-se mudar e ajustar ao nome que está no nosso coração. Mas, depois de firmado, deve-se manter.
Este exercício de oração silenciosa apoiando-se no nome, se usado ao longo da vida, tem um efeito simplificador, que, ao pronunciar o Nome interiormente, entramos imediatamente em oração, ou seja, permite aceder ao lugar de silêncio, ao lugar santo que temos em nós.


“De facto, todo o que invocar o nome do Senhor será salvo.”

Romanos 10:13

Boa oração.
Boa sexta!

1 comentário

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